Ultimamente tenho sido
acometida, todas as segundas feiras quando acordo para começar minha semana,
com um estranho pensamento. Digo a mim mesma: "Meu Deus, mais uma semana
se passou, a vida tem passado rápido demais, preciso aproveitá-la melhor! A
cada dia que passa, é um dia a menos de vida que tenho!"
Num primeiro instante
isso me soa engraçado, mas se paro para levar a sério minha angústia sobre o
tempo, percebo uma ansiedade de vida em mim que não tem sido preenchida. E
quando falo sobre isso aos meus amigos, percebo um sorriso mas, ao mesmo tempo,
certo ar de preocupação e reflexão. Acredito que pensar na morte deva ser uma
necessidade de todos nós. Não pensar de forma mórbida, nem tornar isso uma
obsessão, mas a consciência de que nossa vida é limitada faz com que olhemos
para ela com mais carinho e responsabilidade.
Pensar na vida com a consciência
de seu limite e na morte como algo inexorável faz com que nossos corações se
aquietem diante das exigências do dia a dia. Vivemos em uma sociedade onde a
imagem pública e o status social são de tal forma valorizados que perdemos a
noção de nossos próprios limites para cumprir algumas regras que, se pensarmos
bem, não tem nenhum valor ou significado. Não precisamos passar perto da morte
para acordar ou despertar para a vida. Apenas a consciência real de sua
existência pode causar uma transformação na relação que mantemos com a vida.
Existem algumas pesquisas
em que foram constatadas uma série de efeitos e transformações em pessoas que
tiveram esse lampejo ou expansão de consciência, ou mesmo em pessoas que
passaram por experiências de quase morte: o medo diminui, surge uma aceitação
mais profunda da morte, um maior interesse em ajudar os outros, a importância
do amor é amplificada, a matéria toma uma importância relativa e há um aumento
na certeza da existência de uma dimensão espiritual e seu significado.
Mesmo crises geradas por
graves doenças nos levam a essa expansão de consciência e provocam grandes
transformações nas vidas dos acometidos. Há que se pensar com seriedade nesse
assunto, porque isso nos leva a experimentar a humildade e maior receptividade a qualquer prática
espiritual.
Certamente, abrindo
espaços para essas novas possibilidades, caminhamos diretamente para o encontro
da verdadeira cura. Porque, na verdade, se pensarmos bem, todos estamos
morrendo, um pouco a cada dia.
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