“A morte pertence à vida, como pertence o
nascimento. O caminhar tanto está em levantar o pé como em pousá-lo no chão.
- Tagore – Pássaros errantes,
CCXVII
Morte.
O que dizer a uma pessoa no
momento em que a dor da perda retalha sua alma?
No momento em que perdemos um
ente querido, sentimos como se um membro nos fosse arrancado, tamanha a dor da
separação. A dor é inevitável, e infelizmente ainda é através dela que
crescemos, aprendemos, amadurecemos.
Gostaria de humildemente tentar
ajudar a dirimir, mesmo que de maneira ínfima, a dor de pessoas que, neste
momento sofrem com a perda de um amor, um ente querido, seja esta qual for.
Se você está neste momento
passando por uma situação de perda e morte, é natural e legítimo o seu pesar e
sofrimento. E sentir que o mundo perdeu seu significado, tornou-se vazio que a
vida perdeu seu valor, também é compreensível e válido, mas saiba que, esse
sentimento tem um tempo de duração e você deve estar atento a esse tempo. É
claro que a saudade sempre estará presente, mas com o passar dos anos, ela será
naturalmente colocada no cantinho mais caro de seu coração. Naturalíssimo é o
vosso pesar e arrebatamento, mas conforme o tempo passa você deve tentar
compreender o verdadeiro sentido da morte.
Acredito que se algumas coisas
forem esclarecidas, muito do sofrimento poderá ser evitado quando a
inevitabilidade do enfrentamento se fizer presente. Carregamos durante séculos
um acúmulo de falsas crenças que nos têm causado inúmeros males e muita dor. E se
pudermos compreender que na verdade a existência da morte é fruto de nossa
ignorância, este sim seria o maior benefício que poderíamos prestar a nós
mesmos.
Os ensinamentos teosóficos podem
nos trazer uma maior capacidade de compreensão da morte e diminuição dos nossos
sofrimentos. Vivemos por muitos séculos presos à idéia de um mundo materialista
e compartimentado, uma visão cartesiana da realidade. Hoje a idéia de mundo é
mais orgânica, ou seja, o planeta e o Universo são compreendidos como um grande
organismo onde tudo é conectado, do qual fazemos parte. Portanto, seria
interessante avaliarmos, sob esse novo paradigma, a idéia da morte e do morrer.
Quando conseguirmos observar a nós mesmos, isentos da materialidade que nos
aprisiona, poderemos perceber a morte como parte natural de um processo
evolutivo que continua em outra dimensão. Uma dimensão existente, mas
incompreensível porque infelizmente, nossos limitados sentidos ainda não nos
permite compreender. Pouca coisa termina com a morte e muita coisa sobrevive. Nossa
dor na verdade é a dor da separação, da inevitabilidade e da impotência que
vivemos quando perdemos alguém que amamos. Nosso apego, mesmo energeticamente
falando é muito forte, nossos corpos mais sutis estão acostumados à influência
e troca com os corpos de nossos seres amados. Há uma troca energética e
natural, afinal estamos conectados através de nossas emoções e pensamentos. E
quando essa energia nos deixa, a dor nos acompanha por algum tempo, uma dor que
como ondas se reflete em todos os nossos corpos, físicos e não físicos. Por
algum tempo, não temos muito que fazer a não ser viver intensamente essa dor; ela
é inevitável. Algumas pessoas precisam de maior tempo para poder elaborar essa
perda, outras elaboram com maior facilidade, e isto nada tem a ver com o
tamanho e qualidade de amor que sentem pelo ente que partiu. Existe uma crença,
uma falsa crença devo dizer que a medida de nossa dor é proporcional à medida
do amor que sentimos. Saiba que em nada beneficiamos o ente falecido com a
nossa dor e apego. É muito importante saber que uma pessoa que morre passa para
uma vida superior e mais feliz do que esta, e que certamente terá continuidade
a uma outra ainda mais gloriosa no mundo astral superior. Não devemos nos
esquecer nem por um minuto que nosso corpo físico abriga nossa alma e que a
passagem por este plano faz parte de sua jornada. O maior benefício que você
poderá prestar ao seu ente querido e a maior prova de amor que poderá dar a ele
é a prática da oração. A oração e o pensamento amoroso sempre chegam até ele e
o auxiliam. Sua oração e pensamento deve ser firme e direta, visualizando essa
pessoa como se ela estivesse bem à sua frente. A oração funciona como um fio
condutor de eletricidade e inevitavelmente chega até seu objetivo. A Igreja
Católica possui uma pequena oração, mas de significado grandioso que diz o
seguinte:
“Réquiem eternam dona ei. Domine
et lux perpetua inceat ei”, que quer dizer: “Dai-lhe, ó Senhor, o descanso
eterno, e ilumine-o, a Luz perpétua”.
Essa pequena oração tem
extraordinário efeito e certamente se você a fizer diariamente direcionada a
seu ente querido, sua ação estará de acordo com a maior lei que rege este
Universo que é a lei de causa e efeito. Sua ação positiva inevitavelmente
causará uma reação da mesma forma positiva. E ambos, você e seu ente querido
poderão encontrar a paz.