quarta-feira, 18 de julho de 2007

Um sentido à crise

Temos medo de nossas possibilidades mais elevadas (bem como das inferiores). Em geral, temos medo de nos tornar o que podemos vislumbrar em nossos momentos mais perfeitos, sob as condições mais perfeitas, sob condições de grande coragem. Apreciamos e até mesmo ansiamos pelas possibilidades que parecem divinas nesses momentos de êxtase. E, no entanto, simultaneamente, estremecemos de fraqueza, respeito e medo diante dessas mesmas possibilidades. A. Maslow - "The Farther Reaches of Human Nature"
Neste espaço que está reservado para se falar de crise, gostaria de, sempre que possível, levá-lo a refletir sobre o sentido que se pode dar à dor e à crise. Até que ponto possibilitamos que as provações às quais somos submetidos aprofundem a nossa compreensão da vida e de nós mesmos?
Muitas vezes algo obstrui nosso caminho natural para que possamos reconsiderar nossas escolhas, nossas atitudes, para, quem sabe, entrarmos em contato com aquilo que negamos ou nos recusamos a enfrentar. Quando entramos em crise, somos colocados à prova de fogo para reavaliarmos e termos a grande oportunidade de checar a autenticidade de nossa integridade.
A crise sempre exige do nosso organismo a busca e o restabelecimento do equilíbrio. No primeiro momento vivemos a sensação interna da dor e da destruição, mas negamos, pois nosso ego insiste em deixar as coisas como estão. Nossa tentativa é sempre de recuo e de controle dessa energia para que as coisas continuem como eram antes.
Como nos ensina Viktor Frankl em seu magnífico livro "Em busca de sentido", o ideal é que encontremos um sentido ou significado para tentar traduzir em crescimento as dores e muitas vezes as tragédias que ocorrem na vida de todos nós, na tentativa de provocar o despertar de uma concepção mais ampliada da vida. Podemos parar e pensar em como usar esses períodos com mais criatividade e principalmente com mais fé. Se colaborarmos com o fluxo de energia que a crise desencadeia, podemos trabalhar consciente e construtivamente mesmo em meio à confusão.
É importante que se tenha clara a necessidade e inevitabilidade das rápidas mudanças que temos vivido, trazidas pela lenta passagem da Era de Peixes para a de Aquário. Mas acredito que, como tudo o que é novo e de certa forma desconhecido, existe muita ansiedade e confusão a respeito dessas mudanças. Algumas teses me parecem simplistas demais e muitas vezes perigosas.
O real encontro que buscamos com o Divino está dentro de nós, e esse encontro requer um intenso trabalho interior de mudança psicoenergética, que envolve uma profunda transformação de consciência, comportamento e atitude, e isso não é uma tarefa simples nem fácil. Uma das crenças que os movimentos de Nova Era nos traz é a de que somos totalmente responsáveis (e muitas vezes podemos traduzir isso como culpados!) por todo infortúnio que ocorre em nossas vidas. Acredito que com essa crença corremos o risco de construir uma visão espiritual frágil, até arrogante e estreita demais.
Somos responsáveis sim sob o ponto de vista cármico e evolutivo, ou seja, o somos a partir de forças que pusemos em ação em vidas passadas, mas que em nossa vida atual, com nossas limitadas capacidades, sem autoconhecimento e percepção, não temos como reconhecer facilmente. Portanto, quando falarmos em crise, iremos nos ater ao momento presente. É fato que temos como dever sempre que possível pensar positivamente. Mas todos nós sabemos que coisas ruins também acontecem a pessoas boas.
Quando falo em buscar um sentido, e peço a você para refletir sobre isso, é porque tenho uma visão otimista de Deus e do mundo, e dessa forma creio que sempre existe um propósito amoroso e agregador que acaba por se revelar quando as coisas começam a se acalmar. Quando conseguimos dar um sentido às nossas dores, a compreensão aumenta e estas diminuem. Portanto, vale a pena tentar.
Acredito verdadeiramente que a vida é uma roda viva e energeticamente carregada, que gira sem descanso, dando significado aos acontecimentos, co-dependente, mas também independente de nossas vontades conscientes.
Dica para enfrentar as crisesQuando estamos em meio a uma crise temos a tendência de achar que somos as únicas pessoas que sofrem neste planeta. Em primeiro lugar, procure não se sentir a pessoa mais infeliz do mundo se perguntando por que eu? A pergunta é outra: Por que não eu? Inúmeras pessoas em todo mundo estão sofrendo profundamente neste instante. Agindo dessa maneira corremos o risco de nos colocar no papel de vítimas e esse papel nos envolve em um profundo pessimismo que contamina nossas forças.

About Me

Eunice Ferrari reside em São Paulo, é psicoterapeuta, astróloga, ocultista, consultora, coordenadora de cursos e praticante de ioga e meditação. Graduada em Comunicação e Artes, é especialista em Psicoterapias Corporais Neo Reichianas pelo Ágora (Núcleo de Estudos Neo Reichianos), Brasil/Alemanha, e pela Sobab (Sociedade Brasileira de Análise Bioenergética), filiada ao International Institute of Bioenergetic Analysis, Nova York, de Alexander Lowen, É formada ainda em Terapia Sacro Craniana e em massagem e relaxamento na metodologia de Phetö Sandor. Terapeuta Somática em formação pelo Instituto Brasileiro de Biossíntese e membro do International Institute for Biosynthesis of Zurich Switzerland. Também é colaboradora da editora Qualidade de Vida, criadora e locutora de CDS de meditação e poder mental. Para falar com Eunice Ferrari escreva para eunice.ferrari@terra.com.br